No Brasil, os acidentes de trabalho ainda são uma triste realidade. Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, mais de 600 mil acidentes laborais foram registrados apenas em 2023, refletindo um cenário preocupante para trabalhadores, empresas e o sistema de saúde. Grande parte dessas ocorrências poderia ser evitada com uma gestão de riscos mais eficiente no ambiente de trabalho.
Uma das ferramentas mais eficazes para prevenir acidentes é a Análise Preliminar de Risco (APR). Embora seja um procedimento simples, muitas vezes sua aplicação é negligenciada ou mal executada, comprometendo a segurança da equipe.
Neste artigo, você vai entender melhor o que é a APR, suas principais características, atualizações, quem deve elaborá-la e quais são os erros mais comuns nesse processo.
O que é Análise Preliminar de Risco (APR)
É uma ferramenta preventiva utilizada para identificar, avaliar e controlar riscos antes do início de qualquer atividade. A ideia é que, antes de executar uma tarefa — especialmente aquelas consideradas críticas ou não rotineiras — seja feito um levantamento detalhado de todos os perigos envolvidos, com o objetivo de garantir a integridade física dos trabalhadores e a segurança do ambiente.
A APR é um dos instrumentos mais utilizados dentro dos Sistemas de Gestão de Segurança do Trabalho, especialmente em setores como construção civil, indústria, mineração, petróleo e energia.
Principais características da APR
Para que a Análise Preliminar de Risco cumpra sua função, ela deve apresentar algumas características essenciais:
- Antecipatória: deve ser feita antes do início da atividade;
- Participativa: envolve todos os profissionais que irão executar a tarefa;
- Objetiva e clara: linguagem simples e acessível para todos os envolvidos;
- Documentada: o registro da APR deve ser formal e estar disponível no local de execução da tarefa;
- Atualizável: precisa ser revisada sempre que houver mudança nos procedimentos, nas condições do ambiente ou nos recursos utilizados.
Principais atualizações na APR
Com o avanço da tecnologia e mudanças nas normas regulamentadoras, a APR também evoluiu e hoje ela é muito mais do que um simples checklist de segurança.
A seguir, destacamos as principais atualizações que estão moldando a forma como empresas aplicam e gerenciam a APR.
Inclusão de riscos psicossociais e ergonômicos
- O foco da APR está se ampliando: além dos riscos físicos, cresce a atenção a fatores como estresse, fadiga, postura inadequada e pressão emocional.
- Essa abordagem está alinhada com a visão de segurança integrada à saúde e bem-estar no trabalho.
Adequação às novas normas regulamentadoras
- A nova NR-01 e a reformulação da NR-09 reforçam a importância da identificação contínua dos riscos no ambiente de trabalho.
- A APR passa a ser um instrumento prático de alimentação do inventário de riscos e da melhoria contínua do PGR.
Digitalização e uso de tecnologia
- Substituição de formulários em papel por plataformas digitais e aplicativos móveis.
- Possibilidade de registrar imagens, localização, vídeos e assinaturas digitais.
- Integração com sensores e equipamentos inteligentes, proporcionando dados em tempo real.
- Melhoria na rastreabilidade e histórico das APRs.
APR dinâmica e revisável
- A APR deixa de ser um documento fixo e passa a ser um instrumento dinâmico, ajustado conforme o ambiente e as atividades mudam.
- Ideal para contextos com múltiplas frentes de trabalho, turnos variados ou intervenções emergenciais.
Integração com o PGR e outros documentos
- A APR é cada vez mais conectada ao Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), à Permissão de Trabalho (PT) e aos planos de ação da segurança do trabalho.
- Isso garante coerência entre a identificação de riscos e as medidas de controle adotadas pela empresa.
Participação ativa dos trabalhadores
- As APRs estão se tornando mais colaborativas.
- Envolver quem executa a tarefa no preenchimento da APR aumenta a efetividade e o engajamento, além de identificar riscos que poderiam passar despercebidos por profissionais que não estão no campo.
Quem deve elaborar a APR?
Embora a participação da equipe seja essencial, a elaboração da APR geralmente é liderada por profissionais da área de Segurança do Trabalho, como Técnicos e Engenheiros de Segurança. No entanto, é fundamental que os operadores, supervisores e demais envolvidos na tarefa também participem ativamente do processo, contribuindo com sua experiência prática e percepção de riscos.
Essa abordagem colaborativa aumenta a eficácia da análise e reforça o comprometimento de todos com a segurança.
Principais erros na elaboração de uma APR
Mesmo sendo uma ferramenta fundamental para a prevenção de acidentes, a APR muitas vezes é mal utilizada ou tratada como um simples requisito burocrático. Isso compromete não apenas sua efetividade, mas também a segurança dos colaboradores envolvidos.
A seguir, listamos os principais erros, com exemplos práticos e orientações, para que sua equipe saiba exatamente o que evitar:
Superficialidade na identificação dos riscos
Um dos erros mais comuns é listar os riscos de forma vaga ou genérica, como “risco de queda” ou “risco elétrico”, sem detalhar a fonte do risco, a forma como ele pode ocorrer ou as consequências. Isso reduz drasticamente a eficácia da APR, pois não permite a adoção de medidas preventivas realmente eficazes.
Como evitar: seja específico. Ao invés de “risco de queda”, descreva: “possibilidade de queda ao acessar a plataforma elevada sem linha de vida instalada”.
Falta de participação dos trabalhadores na elaboração
Muitas APRs são elaboradas exclusivamente por técnicos ou engenheiros de segurança, sem consultar quem de fato executa a tarefa. Isso leva à perda de informações valiosas sobre os riscos práticos e operacionais que só a vivência diária revela.
Como evitar: promova reuniões rápidas com a equipe antes da atividade, incentivando os colaboradores a descreverem riscos que já vivenciaram ou identificam naquele momento.
Uso de modelos prontos sem personalização
Algumas empresas caem na armadilha de utilizar APRs padronizadas para diferentes atividades, copiando e colando informações de documentos anteriores. Isso ignora as condições específicas do ambiente, da tarefa e da equipe envolvida, o que pode resultar em análises desatualizadas ou inadequadas.
Como evitar: mesmo que exista um modelo base, revise e adapte cada APR conforme o cenário atual da atividade. Analise o ambiente, os equipamentos, os materiais utilizados e as particularidades da operação.
Desconsiderar variáveis externas e mudanças nas condições de trabalho
Alterações climáticas, mudanças no layout do local, troca de equipamentos ou até mesmo uma nova equipe de trabalho podem mudar completamente os riscos envolvidos. No entanto, esses fatores muitas vezes são ignorados após a primeira análise.
Como evitar: inclua no processo de APR uma verificação das condições reais e atualizadas do ambiente antes do início da atividade. Se houver qualquer alteração relevante, a APR deve ser revisada imediatamente.
Ausência de medidas de controle efetivas
Outro erro recorrente é listar medidas genéricas de controle, como “usar EPI”, sem especificar quais Equipamentos de Proteção Individual, como usá-los corretamente ou combiná-los com medidas coletivas e administrativas.
Como evitar: apresente soluções completas: além dos EPIs, inclua medidas como isolamento da área, uso de sinalização, treinamento específico, permissões de trabalho e procedimentos operacionais seguros.
Falta de revisão e atualização periódica
A APR não pode ser um documento engavetado. Atividades contínuas, realizadas ao longo de semanas ou meses, precisam de monitoramento e atualização constante, pois os riscos podem evoluir com o tempo.
Como evitar: crie uma rotina de reavaliação da APR a cada nova execução da tarefa, em especial quando forem observadas não conformidades, incidentes ou quase acidentes.
Desconsiderar o comportamento humano
A APR muitas vezes foca apenas nos riscos técnicos ou mecânicos, esquecendo que o comportamento dos trabalhadores — como pressa, improvisos ou uso inadequado de equipamentos — é uma das maiores causas de acidentes.
Como evitar: inclua no processo da APR ações de conscientização, reforço da cultura de segurança e incentivo à comunicação aberta sobre situações de risco.
Não disponibilizar ou comunicar a APR à equipe
A eficácia da APR depende da compreensão de todos os envolvidos na tarefa. Se o documento fica restrito a uma prancheta ou arquivo digital, não está cumprindo seu papel preventivo.
Como evitar: apresente a APR em um Diálogo Diário de Segurança (DDS) ou briefing antes do início da atividade. Certifique-se de que todos compreenderam os riscos e as medidas preventivas.
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