A discriminação baseada na idade, conhecida como etarismo, é um problema que atinge de jovens a idosos, impactando negativamente tanto suas trajetórias profissionais quanto sua saúde mental.
Por trás deste conceito, está a ideia equivocada de que o valor de uma pessoa está intrinsecamente ligado à idade dela, o que resulta em preconceitos e estigmas que limitam oportunidades e criam barreiras sociais.
Neste artigo, vamos nos aprofundar em como o etarismo afeta desde a vida pessoal até o bem-estar no trabalho, como ele se manifesta nesses contextos e o que pode ser feito para combatê-lo. Acompanhe;
O que é etarismo
Como já adiantamos, o etarismo é qualquer tipo de discriminação ou preconceito contra indivíduos com base na sua idade.
Na prática, ele ignora as potencialidades das pessoas afetadas, limitando a igualdade de condições e as liberdades fundamentais que são direitos de todos.
Vale dizer que o etarismo pode ser direcionado tanto para pessoas muito jovens quanto para as mais maduras. No entanto, os idosos representam o grupo que mais sofre com este problema no Brasil e no mundo.
Para exemplificar, pelo menos 86% da população acima dos 60 anos afirma já ter enfrentado algum tipo de preconceito no mercado de trabalho, apesar de suas habilidades e experiências.
Causas do etarismo
O etarismo é um fenômeno complexo, que não possui uma única causa. Por trás dele, há uma série de fatores, como:
- Associação de determinadas idades a estereótipos negativos. Por exemplo: pessoas muito jovens podem ser vistas como imaturas e irresponsáveis, enquanto o envelhecimento é frequentemente associado ao declínio físico e mental.
- Valorização extrema da juventude e medo do envelhecimento, ideias muitas vezes perpetuada nos meios de comunicação, pela publicidade e por representações sociais;
- Falta de conscientização sobre o envelhecimento saudável e sobre os benefícios que a diversidade geracional pode trazer para a sociedade como um todo;
- Políticas públicas e privadas que não consideram as necessidades de diferentes faixas etárias.
Essas causas estão interligadas, formando um ciclo de discriminação que perpetua desigualdades e restringe o acesso das pessoas afetadas em diversos espaços.
Impactos do etarismo no bem-estar e no estilo de vida das pessoas
A definição de etarismo já dá uma ideia do quanto ele pode ser nocivo, não é mesmo? Mas, para que não restem dúvidas, vamos resumir abaixo o que a discriminação etária é capaz de causar na vítima:
- Baixa autoestima: quem sofre etarismo geralmente é levado a questionar seu próprio valor e contribuição social.
- Problemas de saúde mental: o etarismo tende a despertar sentimentos e emoções negativas, sendo comumente associado à maior incidência de ansiedade, depressão, estresse e isolamento.
- Estagnação pessoal e profissional: as restrições impostas pelo etarismo tendem a limitar as oportunidades de emprego, educação e participação na comunidade.
Em resumo, ser tratado de forma injusta ou desigual com base na idade pode afetar negativamente a qualidade de vida das pessoas, reduzindo seu bem-estar geral.
Como o etarismo afeta os idosos?
Como dissemos antes, os idosos estão entre as pessoas mais afetadas pelo etarismo.
Neste grupo, os impactos da discriminação etária são ainda mais severos, podendo levar à sensação de não pertencimento, barreiras para conseguir se recolocar no mercado de trabalho e perda da autonomia para decidir sobre a própria vida.
Além disso, os idosos também tendem a ser mais vulneráveis a abusos físicos, emocionais e financeiros, devido à percepção de que são frágeis ou incapazes de se defender.
Etarismo é crime?
A essa altura, vale explicar que, embora discriminação por idade não seja explicitamente tipificada como crime, há alguns leis brasileiras que podem ajudar a minimizar o problema.
Um exemplo é o Estatuto da Pessoa Idosa (Lei nº 10.741), que não apenas estabelece diversas garantias e direitos para a população com 60 anos ou mais, como também prevê punições para violações desses direitos.
E ah! Novidades podem surgir novidades em breve: atualmente, um projeto de lei que visa coibir qualquer discriminação em função da idade está avançando no Plenário.
Situações que podem ser enquadradas como etarismo
A melhor forma de entender o que é etarismo é conhecendo as suas manifestações mais comuns. Então vamos a elas:
- Comentários e piadas depreciativas em relação à idade;
- Falta de diversidade geracional nas organizações;
- Exclusão de pessoas idosas de atividades sociais, esportivas, culturais ou recreativas;
- Filmes que retratam jovens como rebeldes ou irresponsáveis, e idosos como senis ou dependentes, simplificando em demasia os tipos de personalidade de cada faixa etária;
- Tratar jovens ou idosos com condescendência, como se eles fossem incapazes de tomar decisões;
- Falta de infraestrutura adequada para acomodar necessidades específicas dos idosos nos mais diversos espaços, como rampas e corrimãos;
- Campanhas publicitárias que focam somente no público jovem, perpetuando a ideia de que as pessoas 60+ não são consumidores relevantes e desejáveis.
- Negligenciar o tratamento médico de idosos, atribuindo problemas de saúde apenas à idade avançada sem uma avaliação adequada;
- Desconsiderar ou minimizar as opiniões e desejos das pessoas idosas ou muito jovens em assuntos importantes, que também são do interesse deles.
Impactos no mercado de trabalho
Os impactos do etarismo são claramente visíveis no mercado de trabalho, motivo pelo qual dedicamos um tópico exclusivamente a esse tema.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa conduzida pelo Infojobs no ano passo revelou que 57% dos profissionais já sofreram preconceito por causa da idade.
Esse tipo de descriminação pode se manifestar no contexto corporativo de muitas formas, como a preferência por candidatos de determinadas faixas etárias nos processos seletivos e o baixo número de promoções entre profissionais 50+.
É importante notar que o etarismo prejudica não apenas as vítimas, mas também as empresas. Quando esse preconceito ocorre, ele limita a diversidade e a inclusão no ambiente de trabalho e impede que as organizações aproveitem talentos valiosos.
Como combater o etarismo?
O combate ao etarismo é uma responsabilidade que precisa ser compartilhada por todos. Mas as empresas, em particular, podem e devem desempenhar um papel central nesta luta.
Entre as estratégias que as organizações podem adotar para impedir que o etarismo se enraíze na cultura estão:
- Investir na conscientização sobre diversidade etária, destacando os benefícios da inclusão de pessoas de diferentes idades;
- Revisar as práticas de recrutamento e promover melhorias que eliminem os vieses de idade;
- Incentivar o aprendizado ao longo da vida, oferecendo oportunidades de desenvolvimento contínuo para todos os funcionários;
- Ter políticas claras de combate a qualquer forma de discriminação, bem como canais seguros onde os colaboradores possam denunciar eventuais casos;
- Apoiar o autoconhecimento, para que os colaboradores se apropriem das suas qualidades e reconheçam o valor das próprias contribuições;
- Fomentar uma cultura pautada na diversidade, que assegure que todas as vozes sejam ouvidas, respeitadas e valorizadas;
- Implementar mecanismos que garantam que as oportunidades de promoção e retenção sejam baseadas no desempenho e potencial;
- Promover programas de mentoria que incentivem a troca de conhecimentos e experiências entre diferentes gerações de colaboradores.
Combater o etarismo é uma forma de apoiar a construção de sociedades mais justas e zelar pelo bem-estar das pessoas.
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