Em tempos de pandemia, a importância de cuidar da saúde — não apenas de forma corretiva — se evidencia. Momentos difíceis como esse comprovam que o sistema de saúde (não apenas o nacional) é sensível a um colapso quando a sociedade não toma as devidas precauções para se manter saudável e segura. Para as empresas privadas, tornou-se essencial colocar em prática uma estratégia de APS – Atenção Primária a Saúde.
Com ela em andamento, o acompanhamento médico dos colaboradores é rápido e contínuo, tornando o uso dos planos de saúde mais racional, diminuindo o absenteísmo e, principalmente, fazendo da organização um local de trabalho mais seguro para todos. De forma prática, isso possibilita um maior controle às empresas, protegendo seus times e otimizando o trabalho dos setores de Recursos Humanos e Medicina do Trabalho.
Já na esfera pública, em 1994, foi criado o Programa Saúde da Família (hoje Estratégia de Saúde da Família), cujo principal objetivo era dar assistência individual e especializada para as famílias que dependem do Sistema Único de Saúde. Neste artigo, vamos explicar como esse programa surgiu e quais são seus principais benefícios para a saúde da família brasileira. Acompanhe a seguir.
O que é a Estratégia de Saúde da Família?
Na década de 90, o Ministério da Saúde estudava como estar mais próximo da comunidade, de forma que pudesse auxiliar na prevenção de doenças e, assim, reduzir a incidência de males relacionados ao sedentarismo, tabagismo, má alimentação e outros.
Assim, surgiu a Estratégia de Saúde da Família que, de acordo com o levantamento feito pelo Ministério em 2018, apoia cerca de 135 milhões de pessoas no país, o que corresponde a 65% da população brasileira. A proposta era descentralizar os cuidados de saúde, substituindo os atendimentos emergenciais por avaliações e exame de rotina, participação em campanhas de conscientização, consultas odontológicas, vacinas etc.
Como funciona a Estratégia de Saúde da Família?
Para atender ao objetivo, era necessário reunir uma equipe multidisciplinar, que limitasse sua atuação a uma área geográfica e com um número máximo de pacientes. Essas são algumas das premissas da Política Nacional de Atenção Básica, responsável por nortear as operações voltadas para esse fim. Segundo o documento, na equipe exclusiva da estratégia, devem somar, no mínimo:
- um médico especialista em saúde da família ou com atuação generalista;
- um enfermeiro especialista em saúde da família ou com atuação generalista;
- um auxiliar ou técnico de enfermagem;
- um cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família;
- um auxiliar ou técnico bucal;
- agentes comunitários de saúde (a quantidade de profissionais varia de acordo com o público da comunidade atendida. É necessário realizar uma ampla cobertura).
Além desses profissionais, alguns municípios podem contratar outros especialistas, como psicólogos, fonoaudiólogos e fisioterapeutas, para dar suporte à demanda local e oferecer um tratamento especializado aos pacientes. Por outro lado, isso vai depender da disponibilidade financeira de cada região.
Esse time deve ser responsável por, no máximo, 4 mil pessoas. A quantidade recomendada é 3 mil por equipe, mas isso pode variar de acordo com o grau de vulnerabilidade, ou seja, quanto mais vulnerável a doenças e problemas de saúde, menor deve ser o grupo de pessoas. Segundo o Ministério da Saúde, há mais de 40 mil equipes realizando esse trabalho ao redor do país.
Por que a estratégia é fundamental para o equilíbrio da saúde coletiva?
Sendo a estratégia voltada para o bem-estar e conscientização da população, especialmente a mais vulnerável, já representa uma grande vantagem para a saúde pública, como um todo. É por meio desse trabalho que milhões de famílias têm acompanhamento médico, o que possibilita a elas mais oportunidades de tratar, de forma precoce, uma enfermidade mais grave, como o câncer.
Em uma análise macro, a implementação do programa tem ajudado a monitorar algumas doenças, mantendo-as sob controle ao identificar em quais regiões elas são mais frequentes, se é recorrente em uma época específica do ano (como a dengue costuma ser, no Ceará, no primeiro semestre do ano) e, principalmente, como preveni-la e diminuir o número de infectados.
Por fim, é uma maneira de estimular a participação da comunidade, formando um vínculo entre ela e a iniciativa governamental, com o propósito de promover a saúde familiar e mais valorização e capacitação para os profissionais da saúde.
Como a equipe multidisciplinar trabalha?
Como já informado em um tópico anterior, uma equipe multidisciplinar é designada para uma área específica, para atender a um grupo de pessoas de uma comunidade. A partir dessa definição, o trabalho se inicia. Entenda como funciona o passo a passo.
Cadastro das famílias
O cadastramento das famílias é realizado pela equipe de saúde, quando ela faz a primeira visita domiciliar. Durante esse encontro, o time já faz anotações a respeito das condições de moradia, saneamento e outros, bem como do histórico de saúde dos moradores.
Com isso, a equipe médica já se coloca à disposição tendo em vista que, a partir desse momento, ela se torna o principal meio de contato entre a família e o Sistema Único de Saúde (SUS).
Instalação das Unidades de Saúde da Família
Uma vez que a Estratégia é implementada e as equipes começam a trabalhar na comunidade, são habilitadas as Unidades de Saúde da Família. Essas podem estar presentes em Unidades Básicas de Saúde, postos ou centros de saúde, de fácil acesso à população.
Plano de assistência integral
Depois de realizar as visitas, é hora de montar um plano de ação para controlar os problemas de saúde encontrados na comunidade (e ela também participa desse processo). Iniciam-se as ações de promoção de saúde, de forma organizada e/ou espontânea, de acordo com a demanda da população.
Vale pontuar que essas ações podem ser práticas e educativas, pois também cabe à equipe multidisciplinar organizar atividades educativas, voltados à melhoria do autocuidado entre os indivíduos tratados, com o objetivo de proporcionar mais autonomia e conscientização para as pessoas.
Administrar um sistema de saúde pública é desafiador, mas é por meio de iniciativas como essa, de atenção primária à saúde, que a população tem seu acesso à informação e saúde de maneira facilitada, cumprindo o objetivo da estratégia, que é democratizar e descentralizar o alcance ao sistema. À comunidade, cabe se informar sobre quais são seus direitos e como usufruir de seus benefícios.
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