Começamos o texto com o que pode ser novidade para muitas pessoas: não há apenas um, mas três tipos de ergonomia. Além disso, você sabia que a ergonomia não resguarda apenas a saúde física, mas também a saúde mental dos colaboradores?
Já com relação aos benefícios para a empresa, os números falam por si. Uma pesquisa demonstrou que as organizações que se preocupam com o bem-estar dos funcionários têm até 235% mais resultados positivos. Um dado bastante expressivo, não é mesmo? Assim, para a segurança do trabalho nas empresas, é de fundamental importância conhecer este assunto a fundo.
Continue a leitura e conheça cada um dos tipos de ergonomia, as fases do seu desenvolvimento, os domínios da ciência ergonômica, entre outros aspectos. Confira!
Que tipo de ciência é a ergonomia?
Você percebeu que citamos a palavra “ciência” logo acima. Isso porque a ergonomia é a ciência do trabalho. O termo foi usado pela primeira vez em 1857, em um movimento industrialista europeu. Na ocasião, o cientista polonês Wojciech Jarstembowsky descreveu:
“A ergonomia, como uma ciência do trabalho, requer que entendamos a atividade humana em termos de esforço, pensamento, relacionamento e dedicação.“
Perceba que ele se preocupou em atrelar o termo dedicação à ergonomia. E está certo, pois os funcionários se dedicam àquele trabalho, então têm mais do que direito a exercê-lo de maneira a não prejudicar seu corpo e sua mente.
O que é ergonomia?
Trata-se das regras e procedimentos que estudam como o ambiente de trabalho e as interações, tanto humanas quanto com as máquinas e equipamentos, são organizados. Sua meta é diminuir os riscos ocupacionais nos espaços físicos da empresa e organizar os processos corporativos.
Além disso, ela busca garantir o conforto do trabalhador e prevenir doenças ocupacionais. São exemplos de riscos de ergonomia:
- as lesões por movimentos repetitivos (DORTs);
- as dores no corpo causadas pela má postura;
- o zumbido no ouvido devido a ambiente com muitos ruídos.
Quais são os três tipos de ergonomia?
Já mencionamos a existência de alguns tipos de ergonomia, agora explicaremos cada um deles! Acompanhe!
1. Ergonomia física
Trata da relação contínua entre as atividades que exigem esforços físicos durante sua execução, atreladas às características anatômicas do corpo humano. Seu objetivo central é propiciar o melhor desempenho do indivíduo por meio da realização de estudos de três aspectos:
- fisiologia: estuda as funções e o funcionamento normal do organismo;
- antropometria: conjunto de técnicas que medem partes ou o todo do corpo;
- biomecânica: estuda o movimento dos seres vivos desde que aplicados aos postos de trabalho.
A ergonomia física envolve estes aspectos:
- distúrbios musculoesqueléticos (envolve os distúrbios causados pela má postura);
- posturas (refere-se, por exemplo, ao estudo das cadeiras de trabalho);
- movimentos repetitivos (como os executados no computador);
- segurança e saúde do trabalhador (como orienta a NR 17);
- ruído (como o barulho de máquinas, por exemplo);
- temperatura e ventilação do ambiente;
- manuseio de materiais;
- condições sanitárias;
- iluminação;
- sinalização.
Exemplo de ergonomia física
O exemplo mais clássico é avaliar se as cadeiras utilizadas pelos funcionários propiciam uma postura correta. Outro exemplo é analisar se os movimentos para levantar determinado objeto são adequados.
2. Ergonomia organizacional
Esse tipo de ergonomia é a metodologia que avalia e intervém nas questões que influenciam o perfil mental dos colaboradores. Seu objetivo é otimizar as estruturas organizacionais bem como os fatores sociotécnicos — compreendidos como aqueles que incluem o indivíduo como parte indissociável do sistema funcional.
Com isso, ela analisa e influi na cultura e no ambiente organizacional, visando adaptar as condições oferecidas pela empresa, a saúde e o bem-estar dos funcionários. Para chegar a esse resultado, a empresa mapeia e, posteriormente, adapta os itens abaixo:
- projetos de participação multidisciplinar;
- disposição temporal do trabalho;
- trabalhos colaborativos;
- canais de comunicação;
- cultura organizacional;
- formato de feedbacks;
- gestão de qualidade;
- organograma.
Exemplo de ergonomia organizacional
Melhorar o desempenho dos gestores é um exemplo, à medida que a equipe propõe mudanças positivas na rotina de trabalho. Além disso, inserir canais de comunicação mais eficazes e intensificar a interação entre os times e os setores.
3. Ergonomia cognitiva
Aqui, os processos mentais são muito trabalhados pelos colaboradores. Tais processos reúnem: raciocínio, percepção do cenário, memória e resposta motora. Para aplicar a ergonomia cognitiva, avaliam-se aspectos como:
- contato entre homem e máquina, ou homem e algoritmo;
- processos que levam a uma tomada de decisão;
- atuação especializada em áreas específicas;
- pressão e carga mental exigida pelo trabalho;
- estresse de origem profissional;
- concepção pessoa-sistema;
- otimização dos sistemas;
- confiabilidade humana.
Exemplo de ergonomia cognitiva
São exemplos as ações de treinamento e desenvolvimento dos colaboradores e os programas que melhoram as relações entre funcionários e líderes.
Quais são as 4 fases do desenvolvimento da ergonomia?
Segundo o estudioso Hendrick, existem 4 fases do desenvolvimento da ergonomia até os dias atuais. Vejamos, a seguir.
1. Ergonomia de Hardware ou Tradicional
Iniciou-se na Segunda Guerra Mundial e visava melhorar questões fisiológicas e mecânicas nos locais de trabalho. Havia, ainda, a preocupação em adequar os objetos às limitações do ser humano, sem, entretanto, que este fosse explorado além do esperado para a sua capacidade. Inicialmente, foi utilizada na área militar, para então ser aplicada na esfera civil.
Atenção principal: redimensionamento dos ambientes de trabalho.
2. Ergonomia do meio ambiente
Na segunda fase, notou-se que as interferências no trabalho exercido pelo funcionário extrapolavam suas limitações físicas ou mecânicas. Além disso, o meio ambiente causava alguns dos problemas relacionados à produtividade do colaborador — o que afetava diretamente o empregador. Nessa época, buscava-se compreender a relação dos fatores ambientais (ruídos, temperatura, iluminação etc.) com o trabalho humano.
Atenção principal: adequar o ambiente às necessidades dos funcionários.
3. Ergonomia de Software ou Cognitiva
Pelo caráter multidisciplinar da ergonomia, devido aos aspectos fisiológicos e psicológicos, logo depois, essas disciplinas influenciaram os fatores cognitivos do trabalho. Isso ocorreu na década de 1980, quando a mão-de-obra humana deixou de executar de forma direta diversas atividades para comandar máquinas que passariam a realizar tais tarefas. Assim, a tecnologia da informação tornou-se uma extensão do cérebro humano. Com isso, veio a necessidade de avaliar os fatores cognitivos e os possíveis prejuízos.
Atenção principal: transmissão de informações adequadas à capacidade psíquica do colaborador.
4. Macroergonomia
Mais tarde, o campo de estudo ergonômico ampliou-se ainda mais. Na macroergonomia, por exemplo, são as empresas que buscam equilíbrio entre tecnologia, instituição e pessoas (funcionários). Seu objetivo é considerar todas as variáveis que devem ser observadas para melhorar o trabalho, sempre utilizando a ergonomia em escala, em toda a cadeia produtiva: começando já na concepção do maquinário e dos materiais até a execução das funções.
Atenções principais: administrar recursos, jornada de trabalho e trabalho em equipe.
Quais são os domínios da ergonomia?
Sempre com a mesma finalidade — segurança, saúde e qualidade de trabalho dos colaboradores e o aumento da produtividade —, atualmente, a ergonomia domina vários setores como:
- indústria;
- agricultura;
- construção civil;
- setor de serviços;
- atividades diárias.
Por abranger várias atividades em uma mesma empresa, a CIPA é uma importante estratégia para garantir a ergonomia no dia a dia.
E então, o que achou dos tipos de ergonomia e de conhecer as fases desse conceito? Concluímos dizendo que, resumidamente, a diferença entre os três tipos está no seu objeto de estudo bem como na forma de intervenção. Assim, a ergonomia física aborda o funcionamento orgânico do ser humano, a organizacional relaciona-se aos estímulos externos na empresa e a cognitiva estuda as relações mentais e emocionais dos trabalhadores para com o trabalho.
[…] três tipos de ergonomia: a organizacional, a cognitiva e a física. Este último tipo é usado no estudo e no […]