A ergonomia vem ganhando cada vez mais relevância no ambiente corporativo, com a criação, inclusive, de um grupo exclusivo para cuidar do assunto e minimizar os riscos ergonômicos: o comitê de ergonomia.
A Norma Regulamentadora 17 (NR-17) exige das empresas basicamente a adequação das condições de trabalho às condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o máximo de conforto e segurança, além de um desempenho eficiente.
Fora essas adaptações, a NR-17 fala também sobre conscientização e exige, em alguns casos, que sejam realizados treinamentos específicos. Assim, os trabalhadores compreendem bem a relação entre os cuidados com a ergonomia e saúde e segurança.
Muitas empresas já perceberam o retorno que o investimento em ergonomia pode trazer, seja com o aumento da produtividade e da lucratividade, ou com a redução dos índices de absenteísmo e dos gastos com despesas médicas.
Neste artigo, vamos apresentar algumas dicas para você implementar o comitê de ergonomia dentro da sua empresa. Assim, você poderá colher todos os benefícios que a ergonomia pode trazer para os colaboradores e para os negócios. Acompanhe.
O que é o comitê de ergonomia
A melhor estratégia para conscientizar os funcionários da importância de trabalhar, levando em consideração o conforto, a segurança e a eficiência, é envolvê-los no processo de mudança. Nessa perspectiva é que deve ser adotado o comitê de ergonomia.
Formado por colaboradores da empresa, eles serão preparados para estudar, compreender, acompanhar e avaliar a eficácia das sugestões propostas pela Análise Ergonômica do Trabalho.
O comitê objetiva tornar o ambiente de trabalho mais seguro, confortável e mais adequado para que os trabalhadores desempenhem bem suas funções.
Eles podem verificar, por exemplo, a eficácia de um projeto de iluminação ou do mobiliário da empresa, bem como a sua disposição no ambiente de trabalho. Podem também verificar a conscientização postural e a participação na ginástica laboral.
Assim, de maneira mais participativa, o comitê vai ajudar a empresa a atender à legislação vigente, cuidar da saúde e do bem-estar dos colaboradores e reduzir ou eliminar riscos ergonômicos. Dessa forma, prevenindo a ocorrência de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho.
Dicas para implementar o comitê de ergonomia
1. Defina quais serão os membros do comitê
O primeiro passo para formar o comitê é definir quais serão os colaboradores que farão parte desse time.
O ideal é fazer uma composição com colaboradores de diferentes áreas da empresa, como por exemplo: do setor de Recursos Humanos, do SESMT (Serviço Especializado de Saúde e Medicina do Trabalho), da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e do setor administrativo-financeiro.
A equipe não precisa ser grande, mas eficiente. É importante, também, abrir espaço para que colaboradores interessados de outras áreas possam participar.
2. Realize um treinamento com os membros
Após definidos os membros, a equipe precisa ser capacitada a realizar seu trabalho. Assim, é necessário que os membros do comitê façam um treinamento com um especialista em ergonomia. Primordialmente, eles precisam entender alguns conceitos importantes, como:
- aspectos relacionados à ergonomia;
- histórico e aplicação da ergonomia no cotidiano da empresa;
- benefícios com a implantação da ergonomia;
- biomecânica ocupacional;
- posturas corretas e incorretas;
- layout ergonômico adequado;
- doenças ocupacionais, como LER/DORT e estresse;
- legislação vigente: Norma Regulamentadora 17 e outras relacionadas.
3. Compreenda a Análise Ergonômica do Trabalho (AET)
A AET tem a finalidade de analisar os riscos ergonômicos do posto de trabalho e propor soluções ergonômicas, no intuito de reduzir ou extinguir o risco existente, propiciando uma melhor realização das tarefas laborais e melhores condições do ambiente de trabalho ao colaborador.
Com o grupo definido e treinado, o comitê pode começar a trabalhar. A partir de uma Análise Ergonômica do Trabalho, realizada por um profissional especializado, o comitê de ergonomia, orientado por esse profissional, pode verificar os parâmetros e os aspectos que devem ser implantados pela empresa.
A própria NR-17 exige que o empregador realize uma AET. Esse método de análise deve ser construído em cinco etapas:
Avaliação da demanda
Verificar o histórico, sua origem e seu desenvolvimento, bem como os desafios encontrados pelos trabalhadores para sua solução.
Avaliação da tarefa
Aqui, é analisada a diferença entre o que é solicitado (ou como a ação é pensada pela chefia) e como é a sua execução real.
Avaliação da atividade
Nessa etapa, é estudado o comportamento do funcionário em sua rotina, de acordo com as funções que lhe são atribuídas.
Diagnóstico
Com os três aspectos do trabalho analisados, é o momento de traçar um quadro da real situação em que os trabalhadores se encontram, de acordo com suas funções, levantando possíveis situações de risco de curto, médio ou longo prazo.
Recomendações
A partir das dificuldades e dos desafios detectados, a Análise Ergonômica do Trabalho deve propor soluções e adequações, descrevendo, inclusive, as etapas necessárias para a solução do problema.
Incluem-se, aqui, todos os aspectos que descrevam as condições de trabalho nas seguintes atividades:
- levantamento, transporte e descarga individual de materiais;
- mobiliário dos postos de trabalho;
- equipamentos dos postos de trabalho;
- condições ambientais de trabalho;
- organização do trabalho.
Para o comitê de ergonomia desenvolver suas ações, a AET será o instrumento base, pois é a partir dela que serão traçados indicadores para nortear as intervenções e, então, toda a política de ergonomia da empresa será elaborada.
4. Defina um planejamento e um plano de ação para o comitê
Após a Análise Ergonômica do Trabalho, já é possível fazer um planejamento que contemple o plano de ações do time.
O chamado ciclo do PDCA (plan-do-check-act ou, em português, planejar, desenvolver, controlar e agir corretivamente) é uma boa ferramenta para conduzir esse planejamento. Ele ajuda na avaliação das ações planejadas e implementadas, permitindo a realização de correções para o desenvolvimento de um plano de ação cada vez mais efetivo.
É importante definir, também, as metas que o comitê deseja alcançar, quais são as prioridades e as ações imediatas e quais são as metas de curto, médio e longo prazo.
Para o plano de ações, existe também uma ferramenta interessante chamada de 5W2H. Traduzida do inglês, ela pode ser explicada assim:
What
O que será feito: tendo em mente o diagnóstico levantado na AET, é hora de buscar soluções e listar as ações concretas que serão realizadas para solucionar os problemas levantados.
Why
Por que será feito: todas as ações precisam ter uma justificativa, relacionando a elas o objetivo que se deseja alcançar.
Where
Onde será feito: cada setor pode apresentar uma necessidade diferente. Por isso, é importante estabelecer o que será realizado em cada local.
When
Quando será feito: esse aspecto precisa ficar bastante claro no plano de ações, com datas limite, tempo de execução, interdependência de ações (se a execução de uma atividade prevista tem como pré-requisito a realização de outra).
Who
Por quem será feito: é importante ficar claro a que pessoas ou setores pertencem a responsabilidade. Algumas ações podem demandar de mais de um setor (Comunicação e Recursos Humanos, por exemplo).
Também precisa ser estabelecida a liderança na articulação das atividades — a quem os envolvidos precisam se reportar para evitar ruídos no seu desenvolvimento.
How
Como será feito: uma descrição detalhada da ação, explicitando a metodologia utilizada, bem como os mecanismos de avaliação, conferem maior consistência à ação e facilitam a divisão de tarefas entre os envolvidos.
How much
Quanto custará fazer: para que qualquer projeto saia do papel em uma empresa, é preciso ficar bastante claro quais serão os custos envolvidos. Para isso, é necessário fazer uma projeção de custos, levando em consideração todos as etapas da ação.
Uma boa estratégia é levantar diferentes alternativas para concretização da atividade, mostrando as implicações de acordo com o investimento a ser feito pela empresa. Também é interessante apresentar uma projeção do retorno desse capital para a empresa (que pode ser projetado do plano e verificado em um relatório de avaliação futuro).
Após alguns meses de execução das ações, a equipe deverá se reunir para verificar os indicadores e a eficiência das ações, e assim propor melhorias e/ou reformulações.
Como dissemos anteriormente, é primordial que os mecanismos de avaliação tenham sido pré-determinados para facilitar o processo de metrificação desses dados. Esse passo é muito importante para mensurar resultados e avaliar o impacto das ações.
Ganhos para a empresa com o comitê de ergonomia
A ergonomia é muito ampla e permite adaptações das condições e do ambiente de trabalho aos colaboradores, otimizando o desempenho e a realização das tarefas. Dessa forma, a empresa e os funcionários colhem os seus benefícios.
O colaborador ganha qualidade de vida no trabalho, com melhores condições para seu exercício. Já a empresa ganha com o aumento de produtividade e da satisfação da equipe, com a redução de acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, despesas médicas, índices de absenteísmo e afastamentos.
O comitê de ergonomia pode contribuir muito na adequação da empresa. Vimos que implementá-lo é simples, basta ter alguns conhecimentos e seguir as recomendações da AET.
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