Falamos no artigo anterior sobre qualidade de vida, o que ela significa e como medi-la (leia Qualidade de vida: O que é? Ela pode ser medida?). Mas por que promover qualidade de vida no trabalho?
Qual o papel dos empregadores? Qual o objetivo de um programa de qualidade de vida no trabalho? Acredito que o trabalho pode ser um elo importante para que as pessoas consigam melhorar suas condições de vida. Acompanhe!
Qualidade de vida no trabalho
Ramazzini, o “Pai da Medicina do Trabalho”, disse há séculos atrás:
A natureza impõe ao gênero humano a necessidade de prover a vida diária através do trabalho. Dessa necessidade, surgiram todas as artes como as mecânicas e as liberais, que não são desprovidas de perigos, como, aliás, todas as coisas humanas. É forçoso confessar que ocasionam não poucos danos aos artesãos, certos ofícios que eles desempenham. Onde esperavam obter recursos para sua própria manutenção e da família, encontram graves doenças e passam a amaldiçoar a arte à qual se haviam dedicado.
No livro “A Saúde Persecutória” os autores acreditam que as discussões sobre promoção da saúde tendem a ser inconclusivas, pois suas atividades transitam sobre terrenos de difícil compatibilização: paternalismo x “participacionismo” e individual x coletivo.
Existiriam os seguintes enfoques ao longo destes dois eixos: conservador (técnicas persuasivas em saúde); reformista (ação legislativa para a saúde), muito comum no nosso país e radical pluralista (educação popular em saúde).
Segundo Walton, um programa de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), quando adequadamente proposto, tem como meta:
Gerar uma organização mais humanizada, na qual o trabalho envolve, simultaneamente, relativo grau de responsabilidade e de autonomia em nível do cargo, recebimento de recurso de feedback sobre o desempenho, com tarefas adequadas, variedade, enriquecimento do trabalho com ênfase no desenvolvimento pessoal do indivíduo.
Michael Porter, coautor do livro “Repensando a Saúde”, diz que os empregadores deveriam estar preocupados em gerenciar a saúde e a qualidade de vida no trabalho ao invés de gerenciar os custos.
A relação da qualidade de vida com os colaboradores
Sugere novos papéis para os empregadores, entre eles, apoiar e motivar os funcionários para que façam boas escolhas e gerenciem sua própria saúde:
- Oferecendo estímulos, incentivos e apoio aos funcionários no gerenciamento de saúde;
- Fornecendo informações e serviço de aconselhamento imparcial aos funcionários, em complementação a outras fontes;
- Oferecer estruturas de planos de saúde que forneçam um bom valor e encorajam economias para necessidades de saúde de longo prazo;
- Mensurar e responsabilizar a equipe de benefícios pelo valor da saúde e ser responsável pelos resultados.
Não queria ser muito técnico neste artigo e como as discussões sobre o tema são muitas, sugiro a conclusão do professor Hudson de Araújo Couto, onde a qualidade de vida no trabalho ocorre quando temos a conjunção dos fatores abaixo:
- O trabalho atende às necessidades higiênicas;
- Temos identidade com a tarefa;
- Realizamos ciclos completos (o trabalho tem início, meio e fim);
- Temos autoridade sobre o processo;
- Podemos utilizar nossa criatividade sobre o processo;
- Temos retro-informação sobre o nosso trabalho (o famoso feedback);
- Há flexibilidade.
Saliento a importância do famoso feedback. Ken Blanchard perguntou aos líderes das empresas há quanto tempo seus liderados apresentavam “problemas de desempenho”. As respostas variavam de seis meses até dez anos, ou seja, o problema se arrasta por anos até que uma decisão seja tomada.
Um estudo feito com 12 mil trabalhadores suecos do sexo masculino, durante um período de 14 anos, revelou que trabalhadores que se sentiam isolados e que tinham pouca influencia em suas funções apresentavam um probabilidade 162% maior de ter um ataque cardíaco fulminante do que aqueles que tinham muita influencia nas decisões de trabalho e que trabalhavam em equipe. Peter Drucker finaliza:
Todos precisam saber por que fazer, o que fazer e como fazer.
Se sua empresa é assim, parabéns, se não, mãos a obra. Cuidado e combata os ambientes de trabalho tóxicos. Invista em Bem-estar!
Artigo escrito por Eduardo Arantes, Diretor Técnico da BeeCorp.