Vamos falar sobre a gestão da saúde nas empresas? Sempre defendi que o ambiente empresarial é um campo fértil para a prevenção de doenças e a promoção da saúde.
Uniformidade, controle de informações e a possibilidade de gestão da medicina assistencial, a saúde ocupacional e as ações de qualidade de vida no trabalho, compõem a chamada Gestão Integrada de Segurança, Saúde e Qualidade de Vida. Todas as empresas acabam funcionando como organizações “de e para” a saúde, impactando nas pessoas, sociedade e economia.
Apesar disto, o custo com a saúde dos funcionários nas empresas cresce, dentre outros motivos, pela alta taxa de sinistralidade, a inflação médica e a incorporação de novas tecnologias ou tratamentos. Mas porque a sinistralidade aumenta mesmo com os investimentos em promoção da saúde?
Os sete erros
A revista Você RH de janeiro de 2014 listou os sete erros da gestão da saúde e eu fiz um pequeno esforço para adaptá-los:
1. Terceirização da saúde
Não se terceiriza a gestão da saúde. A saúde pode ser um grande negócio para empresa, mesmo este não sendo seu negócio principal.
2. Falta de indicadores de processo e de resultado na gestão da saúde
Quase tudo deve ser medido e controlado. O número de frequentadores da academia da empresa é um indicador de processo. Os indicadores de resultado são: estes frequentadores reduziram sua sinistralidade médica, perderam peso, se acidentaram menos?
3. Não saber se comunicar
A comunicação é o Tendão da Aquiles da gestão de saúde.
4. Coparticipação
Um erro, pois pode colocar barreiras para o tratamento efetivo, ou seja, como eu tenho que pagar, deixo de marcar uma consulta ou de fazer um exame importante.
5. Troca-troca de operadora
O critério de escolha não pode ser somente o preço mais baixo.
6. Atenção só aos crônicos
Como os hipertensos, diabéticos, obesos e cardiopatas. O saudável evolui rapidamente para a condição de crônico se não for contemplado nos programas.
A importância de uma boa gestão
O médico, principalmente o médico do trabalho e o clínico geral, são figuras muito importante neste processo, pois eles são a porta de entrada desta complexa cadeia. Não cobrar coparticipação de consulta com clínico geral e estimular a consulta com este profissional pode evitar os famosos vai e vem entre médicos de diversas especialidades.
Um exemplo prático: na consulta ginecológica de rotina há uma leve alteração nas enzimas do fígado. Esta paciente é encaminhada a um hepatologista que solicita uma série de exames de sangue e de imagem.
Todos normais, porém o Ultra Som revela um cisto no rim e a paciente é encaminhada ao nefrologista ou ao urologista. Este solicita outra série de exames de sangue e de imagem e adivinhe? Todos normais e a paciente vai conviver com o cisto pelo resto da vida.
Se o primeiro médico observasse que a paciente encontra-se fora do peso e com elevação dos Triglicérides, uma simples dieta reduziria os níveis das enzimas do fígado e este processo seria bem mais simplificado e menos dispendioso financeiramente. Era só fazer atividade física, dieta e repetir os exames em três meses.
Conclusão
Para finalizar, outras ações relacionadas à gestão da saúde, como o gerenciamento de internações, auditorias médicas, second opinion e gerenciamento de high users, muito comuns em consultorias especializadas, não funcionam se o paradigma continuar sendo a doença e não a saúde.
Estas ações são necessárias, porém estão no topo da pirâmide. Na base estão as ações de bem-estar. Aqui está o resultado!
Artigo escrito por Eduardo Arantes, Diretor Técnico da BeeCorp.