CID 10: o que é, como consultar e suas classificações

O que é?
Objetivos
O impacto na área médica
Qual é a relação entre o CID e outros documentos médicos?
Entenda a organização
Como fazer a consulta
Os códigos e suas classificações
Veja as siglas mais pesquisadas
A CID 10 ainda é válida?
Como o CID 10 é utilizado nas pesquisas
Categoria: Saúde

A CID 10 é uma lista de códigos que classifica doenças e condições médicas em categorias. O objetivo é padronizar a nomenclatura das patologias para facilitar a identificação delas em qualquer parte do mundo.

Na área de saúde e segurança do trabalho, a CID 10 é uma ferramenta essencial, pois permite o registro padronizado de afastamentos, acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Com ela, é possível analisar estatísticas, identificar riscos à saúde dos trabalhadores e planejar ações preventivas mais eficazes dentro das empresas.

 

Além disso, a correta utilização da CID 10 contribui para o cumprimento das normas regulamentadoras e auxilia na tomada de decisões estratégicas voltadas ao bem-estar dos colaboradores.

Os mesmos códigos são utilizados por profissionais de todos os países. Assim, é possível fazer um controle mais eficiente da saúde coletiva, monitorando a incidência das doenças e fatores relacionados a elas. 

O que é a CID 10?

A CID 10 é a décima versão ou revisão da Classificação Internacional de Doenças. Essa lista foi criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o intuito de padronizar a nomenclatura das patologias.

Ela traz uma relação de códigos alfanuméricos divididos em categorias e subcategorias. Cada uma delas referente a uma doença e às variações que existem. Os profissionais da saúde utilizam a CID 10 como ferramenta no dia a dia para preencher documentos e guias utilizando essa padronização.

O código da CID aparece, por exemplo, nos encaminhamentos para especialistas, nas solicitações de exames e pedidos de outros procedimentos em geral. Contudo, existem alguns documentos em que não é necessário. Esse é o caso do atestado médico de saúde e das guias utilizadas para solicitação de reembolso dos convênios.

Objetivos

Como falamos, o objetivo da criação da CID 10 é promover a padronização da nomenclatura das doenças nos países do mundo inteiro. Dessa forma, é possível promover uma comunicação eficiente entre profissionais e estabelecimentos de saúde. Existe um risco menor de ocorrerem mal entendidos em função da tradução dos nomes das patologias.

Com o auxílio da CID 10, também é possível monitorar a qualidade de vida das pessoas. O registro dos códigos feito pelos profissionais e estabelecimentos de saúde reúne dados estatísticos em relação a uma determinada doença.

Assim, órgãos competentes analisam esses registros e identificam a ocorrência das patologias em determinadas regiões e populações. Com isso, podem adotar novas políticas preventivas, desenvolver tratamentos, medicamentos e vacinas.

O impacto da CID 10 na área médica

Considerando a complexidade da área médica e os desafios de estudar doenças complexas, o CID se mostra como uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento desse campo. Podemos destacar aqui alguns dos seus impactos positivos para a prática da medicina:

Consistência dos diagnósticos

Para facilitar o tratamento de doenças, os profissionais de medicina precisam de acesso a recursos de múltiplas fontes. Isso aumenta o risco de inconsistência nas informações disponíveis, o que pode causar erros por parte de médicos e pacientes.

Com o uso dos códigos padronizados do CID, esse risco é bastante reduzido. Qualquer processo de diagnóstico pode se basear no mesmo documento, além de seguir as mesmas diretrizes de tratamento.

Comunicação entere profissionais de saúde

É sempre bom lembrar que a saúde é um campo multidisciplinar. Além dos médicos, também envolve a atuação de profissionais de enfermagem, fisioterapia, psiquiatria, cuidadores, entre outros. E todos devem se comunicar de forma eficiente para garantir um tratamento adequado.

A categorização padronizada de doenças é uma forma de facilitar esse trabalho. Assim, todos estão na mesma página na hora de planejar o tratamento e lidar com possíveis complicações.

Crescimento das pesquisas 

Outro benefício de ter um modelo de nomeação padronizado é permitir pesquisas mais amplas sobre a saúde pública. Por exemplo, diversos órgãos e instituições podem analisar a incidência de uma categoria específica de doenças em determinada área e usar essa informação para planejar políticas de saúde.

Isso também facilita o processo de pesquisa acadêmica sobre essas doenças, já que é fácil identificar materiais relacionados a cada uma. O que acelera o aprendizado e possíveis descobertas.

Qual é a relação entre a CID e outros documentos médicos?

Uma questão comum ao considerar o uso do CID nos procedimentos médicos é a forma como ele deve ser integrado na documentação fornecida ao paciente. Veja aqui alguns dos pontos que geram mais dúvidas.

Guias médicas

Para a realização de certos exames e requerimento de alguns remédios, é necessário contar com uma guia médica. Porém, o código da doença não deve ser inserido no próprio documento, visto que há muitas descrições detalhadas que podem comprometer a privacidade do paciente.

O uso do código em si é mais comum quando se trata da equipe interna, quando buscam um reconhecimento rápido do tratamento, ou na área de pesquisa.

Atestados

O atestado médico é outro documento indispensável. Nos casos em que o paciente se encontra sem condições de retornar às suas atividades de rotina, o atestado serve como justificativa para o seu afastamento temporário da empresa. Algo necessário tanto para sua própria recuperação quanto para evitar que outras pessoas sejam afetadas.

Também pode haver razões de privacidade, o médico ou contratante do paciente não pode exigir que o número do CID esteja impresso no atestado médico. Porém, o próprio paciente pode pedir que o código e especificação da doença sejam inscritos.

Organização da CID 10

A CID 10 é organizada em 22 capítulos. Além de apresentarem a classificação de doenças, os códigos abordam também:

  • sinais;
  • sintomas;
  • queixas;
  • achados anormais;
  • causas externas;
  • circunstâncias sociais.

Como há uma grande quantidade de condições, elas são classificadas em grupos maiores e dentro deles, alguns grupos menores. Desse modo, as condições clínicas são classificadas de uma forma mais específica.

O especialista pode fazer a consulta de problemas de saúde física e mental. No segundo caso, eles estão no Capítulo V, referente a transtornos mentais e comportamentais. Para facilitar a compreensão, veja o exemplo do Capítulo III da CID 10, que aborda as doenças do sangue, dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários.

Dentro deste capítulo, existe uma categoria chamada Anemias hemolíticas. Nela está a subcategoria Anemia hemolítica adquirida, cujo código é D59. Por fim, está a definição da doença como Anemia hemolítica não autoimune induzida por drogas, registrada pela OMS sob o código D59.2.

Dessa forma, o profissional pode procurar pelo capítulo que deseja, encontrar a categoria, a subcategoria e a doença que deseja obter o código para fazer os seus registros.

Como fazer a consulta

Para consultar os códigos da CID 10 é preciso utilizar um aparelho com acesso à internet. A lista de classificação está disponível tanto para computadores quanto para dispositivos móveis. Podem ser usados aplicativos ou sites para buscar os códigos. Veja a seguir algumas opções de ferramentas.

Site PEBMED

É um portal de atualização em medicina que, entre outros conteúdos, permite fazer a consulta online dos códigos de todos os capítulos da CID 10. Ao acessar a página principal, basta selecionar o capítulo desejado e, em seguida, as categorias, por nome ou pelo grupo de códigos.

Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo

A proposta da ferramenta da Secretaria de Saúde de São Paulo é um pouco diferente. Com ela você faz a pesquisa de um código ou de uma descrição para conferir a qual patologia se refere. Contudo, não disponibiliza a lista de capítulos da CID 10.

Trofo Systems

Esse aplicativo foi desenvolvido pela Trofo e traz a lista de códigos em uma divisão bem organizada, com ícones que facilitam a utilização da ferramenta. Ela está disponível nas versões em português e em inglês, e ainda permite favoritar alguns códigos.

CID 10 Doctordroid

Mais uma opção de aplicativo para você consultar a classificação utilizando o seu smartphone. Essa ferramenta tem um design detalhado para facilitar a consulta. Permite digitar de forma livre os termos, pois exibe uma lista com as alternativas para escolha. Aqui também é possível favoritar alguns códigos mais utilizados.

Os códigos da CID 10 e suas classificações

Como dito, a CID 10 é organizada em códigos alfanuméricos dispostos em 22 capítulos. Esses códigos trazem uma letra de A a Z e ainda dois numerais, que vão de 00 a 99. O Capítulo I, por exemplo, que trata de doenças infecciosas e parasitárias, traz os códigos de A00 até B99. 

Nos próximos capítulos, as combinações vão seguindo pelo alfabeto e com as numerações de acordo com a quantidade de patologias registradas nas categorias e subcategorias. O Capítulo XXI traz os códigos Z00 até Z99.

O último, que é o Capítulo XXII, é composto por códigos especiais. Eles incluem, por exemplo, a síndrome respiratória aguda grave (SARS), a doença causada pelo zika vírus, a resistência a antibióticos, e outros. 

Veja o grupo de códigos da CID 10:

  • Algumas doenças infecciosas e parasitárias (A00 – B99)
  • Neoplasias [tumores] (C00 – D48)
  • Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários (D50 – D89)
  • Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (E00 – E90)
  • Transtornos mentais e comportamentais (F00 – F99)
  • Doenças do sistema nervoso (G00 – G99)
  • Doenças do olho e anexos (H00 – H59)
  • Doenças do ouvido e da apófise mastoide (H60 – H95)
  • Doenças do aparelho circulatório (I00 – I99)
  • Doenças do aparelho respiratório (J00 – J99)
  • Doenças do aparelho digestivo (K00 – K93)
  • Doenças da pele e do tecido subcutâneo (L00 – L99)
  • Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00 – M99)
  • Doenças do aparelho geniturinário (N00 – N99)
  • Gravidez, parto e puerpério (O00 – O99)
  • Algumas afecções originadas no período perinatal (P00 – P96)
  • Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00 – Q99)
  • Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte (R00 – R99)
  • Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas (S00 – T98)
  • Causas externas de morbidade e de mortalidade (V01 – Y98)
  • Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde (Z00 – Z99)
  • Códigos para propósitos especiais (U04 – U99)

A partir dessa organização, é possível garantir mais assertividade em um investimento em saúde ocupacional.

Siglas da CID 10 mais pesquisadas

Como mencionamos, o CID 10 utiliza uma nomenclatura baseada em um código alfanumérico para identificar diferentes doenças ou grupos de doenças. É esse elemento que facilita seu uso no dia a dia.

Naturalmente, algumas dessas condições tendem a afetar mais pessoas ou serem mais recorrentes do que outras. Por esse motivo, alguns desses termos são mais pesquisados tanto pelos profissionais de saúde quanto pelo público em geral.

CID I10

Esse é o tópico referente às doenças de hipertensão essencial, as quais não possuem causa conhecida. A hipertensão pode ser categorizada como Arterial, Benigna, Maligna, Sistêmica e/ou Primária. Também divide os casos em níveis de risco: baixo, médio, alto ou muito alto.

O caderno de conduta para esses casos inclui perguntas relacionadas à anamnese do paciente. Por exemplo, se fuma, como é sua alimentação e se possui casos de diabetes ou doença cardiovascular na família. Os exames sugeridos vão desde a medição da pressão diretamente pelo médico até exames de glicemia e urina.

CID S10

Já o CID S10 diz respeito ao Traumatismo Superficial do Pescoço. Ou seja, doenças ou acidentes que causam danos à estrutura do pescoço, mas que não apresentam perigo para a respiração, alimentação ou circulação sanguínea, por exemplo.

O tópico principal deste capítulo é o traumatismo superficial da garganta, que é o mais observado. Há também orientações sobre traumatismos sem causa definida, traumatismos superficiais múltiplos na garganta, assim como danos a outras áreas do pescoço.

CID H10

Outro tópico bastante pesquisado é o CID H10, que diz respeito às condições relacionadas à conjuntivite. Essa que é definida como “inflamação da conjuntiva, membrana transparente e fina que reveste a parte da frente do globo ocular (o branco dos olhos) e o interior das pálpebras.” Condição que costuma durar em torno de 15 dias, podendo ser aguda ou crônica.

O CID 10 inclui 8 subtipos de conjuntivite:

  • Blefaroconjuntivite;
  • Conjuntivite aguda atópica;
  • Conjuntivite aguda não especificada;
  • Conjuntivite crônica;
  • Conjuntivite mucopurulenta;
  • Conjuntivite não especificada;
  • Outras conjuntivites;
  • Outras conjuntivites agudas.

Essa versão do CID não inclui também a ceratoconjuntivite, que faz parte do H16. E nos casos de maior gravidade, o paciente é encaminhado ao oftalmologista.

A CID 10 ainda é válida?

A CID 10 foi publicada pela OMS em 1994, ou seja, ela já tem quase 30 anos. Por isso, houve a necessidade de fazer uma revisão para lançar uma nova versão. Assim, essa lista de classificação se tornou desatualizada em janeiro de 2022, quando foi lançada a CID 11.

Para regulamentações, leis e normas, como a NR 1, o ideal é buscar a versão mais atualizada. O mesmo acontece com a CID. Na hora de conferir a lista, é necessário usar a CID 11 em vez da CID 10.

Isso porque a 11ª versão da classificação de doenças trouxe algumas mudanças significativas. Os capítulos e categorias foram revistos para tornar o uso mais prático e intuitivo. Ela ficou mais organizada e novas patologias foram incluídas.

Houve a criação de novas categorias e subcategorias, novas descrições dos problemas de saúde. Tudo isso para que essa nova versão refletisse a realidade das condições de saúde da população atual, apresentando com mais precisão a realidade.

Como o CID 10 é utilizado nas pesquisas

Considerando que há uma versão mais recente do CID, a qual deve ser usada como referência para o desenvolvimento de novos tratamentos, qual seria o papel do CID 10 hoje? Em resumo, como uma ferramenta de pesquisa.

Vários pesquisadores e profissionais de saúde utilizaram o CID 10 como uma de suas ferramentas ao longo dos anos. Sendo assim, seus artigos e estatísticas também seguem seu padrão de nomenclatura e orientações de procedimento.

Por mais que eles estejam “incorretos” na perspectiva de hoje, ainda trazem dados relevantes sobre o histórico de saúde em diferentes regiões. Algo indispensável para o desenvolvimento de novas políticas públicas, tratamentos ou mesmo métodos para evitar o absenteísmo nas empresas.

A CID 10 foi muito importante devido a sua permanência em uso por vários anos, mas agora o ideal é usar a CID 11. Inclusive para que os códigos registrados estejam corretos, para gerar novas estatísticas e favorecer o lançamento de políticas e medidas para cuidar cada vez melhor da saúde das pessoas.

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      Autor
      Anderson Rodrigues

      Médico do Trabalho e Especialista em Ergonomia, Perícia e Gestão de serviços de saúde

      8 Comentários

      1. […] conquista muito importante no novo CID é com relação à transexualidade. Dentro do CID 10, ela era chamada de “distúrbio de identidade de gênero” e fazia parte da lista de transtornos […]

      2. […] ele já estivesse presente na CID 10, as informações estavam segmentadas, o que atrapalhava na hora de emitir um diagnóstico. Na nova […]

      3. […] (Quadro II — Atestado Médico) que deve ser preenchido, sendo obrigatório o preenchimento do CID 10. Isso é feito pelo profissional que atendeu o trabalhador acidentado. Dessa forma, o atendimento […]

      4. […] de Saúde Ocupacional) — é um documento elaborado após os exames ocupacionais, informando o CID do […]

      5. […] como os códigos do CID 10, Confira também nosso guia completo sobre siglas referentes a Saúde e Segurança do […]

      6. […] ocupacionais previstas no CID 10, como LER (Lesão por Esforço Repetitivo) e DORT (Distúrbio Ósteomuscular Relacionado ao […]

      7. […] para questões de privacidade do trabalhador, as empresas não podem exigir que o médico informe o CID.  […]

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