A CID, ou Classificação Internacional de Doenças, é uma ferramenta essencial no dia a dia da saúde — mas você sabe exatamente o que ela representa, como é usada na prática e por que sua nova versão, a CID-11, é tão importante?
Neste artigo, explicamos de forma clara o que é a CID, seu objetivo, como ela contribui para um atendimento mais humanizado e se o código realmente precisa constar em um atestado médico.
Continue a leitura e entenda tudo o que você precisa saber sobre a CID-11 e suas aplicações no cuidado com a saúde.
O que é a CID?
A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, conhecida como CID, é um sistema padronizado criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela tem como objetivo registrar, acompanhar e analisar as causas de doenças e mortes em todo o mundo.
A CID é uma linguagem universal entre profissionais de saúde e permite que informações clínicas e epidemiológicas sejam codificadas de maneira padronizada, promovendo consistência e confiabilidade nos registros médicos.
Objetivo da CID
A CID tem como principal função padronizar a identificação de doenças e condições de saúde, permitindo:
- O monitoramento de tendências e estatísticas de saúde em nível mundial;
- A elaboração de políticas públicas mais eficazes;
- A promoção da pesquisa científica;
- A comunicação clara entre profissionais e instituições de saúde, mesmo em diferentes países.
Como a CID é utilizada na prática?
A CID é utilizada diariamente em diversos contextos da área da saúde. Veja alguns exemplos:
- Codificação de diagnósticos médicos: médicos e profissionais da saúde utilizam a CID para registrar o diagnóstico de pacientes em prontuários eletrônicos, atestados médicos e laudos. Cada doença ou condição tem um código único. Por exemplo, o código J11 refere-se à gripe não especificada.
- Processos de reembolso e seguros: operadoras de saúde e seguros utilizam a CID para justificar procedimentos e validar reembolsos médicos. A presença do código correto é essencial para garantir o processamento adequado.
- Estatísticas e vigilância em saúde pública: governos e instituições de saúde pública usam os dados da CID para monitorar surtos, planejar ações preventivas e alocar recursos em áreas mais afetadas.
É obrigatório colocar o CID em um atestado médico?
Essa é uma dúvida comum entre pacientes e profissionais da saúde. A resposta é: não, o médico não é obrigado a colocar o código CID em um atestado médico, a não ser que o paciente autorize expressamente.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o atestado médico deve conter:
- Tempo de afastamento necessário;
- Diagnóstico, caso haja consentimento do paciente;
- Identificação do médico, com CRM.
Ou seja, a inclusão do CID em um atestado só deve ocorrer quando não há risco de exposição desnecessária da condição de saúde do paciente, respeitando o sigilo médico e o direito à privacidade.
O que mudou na 11ª revisão da CID
A versão mais recente da CID, chamada de CID-11, entrou oficialmente em vigor em janeiro de 2022 e representa um grande avanço em relação à versão anterior (CID-10), que estava em uso desde 1990. A CID-11 foi desenvolvida ao longo de mais de uma década de trabalho colaborativo com especialistas de todo o mundo.
Inclusão de novos transtornos mentais
- Burnout: agora reconhecido como uma síndrome ocupacional (não uma condição médica), definida como estresse crônico de trabalho que não foi gerenciado com sucesso;
- Gaming Disorder: o transtorno por jogos eletrônicos foi incluído como uma condição relacionada ao comportamento viciante;
- Transtornos de identidade de gênero: deixaram de estar na seção de transtornos mentais e foram movidos para uma nova seção chamada “condições relacionadas à saúde sexual” – uma mudança importante para reduzir o estigma.
Avanços na codificação de doenças
- A CID-11 usa um sistema totalmente digital, com estrutura alfanumérica mais flexível (ex: códigos com letras e números que permitem maior detalhamento);
- Permite codificação de múltiplas condições em conjunto, refletindo melhor a realidade clínica de comorbidades.
Melhor categorização de condições pediátricas e neonatais
- Mais detalhes para condições específicas de nascimento, incluindo lesões e complicações durante o parto.
Inclusão de fatores genéticos e ambientais
- Novos códigos permitem incluir fatores ambientais e sociais que influenciam o estado de saúde, como exposição a poluentes ou condições socioeconômicas.
Novas doenças e categorias
- Condições modernas, como resistência antimicrobiana, doenças autoimunes e doenças relacionadas à medicina de precisão, foram adicionadas;
- A pandemia acelerou a inclusão de categorias como COVID-19.
Reorganização de capítulos
- O número de capítulos aumentou de 21 (CID-10) para 26 capítulos na CID-11.
- Novas seções como:
- Condições relacionadas à saúde sexual;
- Medicina Tradicional (permitindo a integração de sistemas médicos tradicionais de forma padronizada).
Foco em interoperabilidade digital
- Foi feita para ser usada facilmente em sistemas eletrônicos de saúde, com APIs, codificação multilíngue e mecanismos de atualização mais rápidos.
A CID-11 está disponível em mais de 40 idiomas e pode ser acessada online gratuitamente, o que amplia sua usabilidade global.
Por que criar uma nova versão da CID?
Criar uma nova versão da CID (como a CID-11) não é só uma atualização estética, é uma necessidade prática, científica e tecnológica.
Evolução da ciência médica
A medicina avança muito rápido — novos diagnósticos aparecem, doenças mudam de comportamento e tratamentos se transformam. A CID-10 foi lançada em 1990, ou seja, mais de 30 anos atrás. Muita coisa mudou desde então.
Exemplo: doenças como COVID-19, síndromes autoimunes raras ou transtornos digitais (como vício em jogos) não existiam como categorias na época.
Integração com sistemas digitais de saúde
A CID-11 foi projetada desde o início para funcionar bem em sistemas eletrônicos:
- Compatível com prontuários eletrônicos, sistemas hospitalares e aplicativos de saúde;
- Tem estrutura modular, digital e multilíngue, com atualizações dinâmicas;
- Ajuda a melhorar a comunicação global sobre doenças.
Melhor padronização global
A CID é usada por mais de 190 países. Uma nova versão com mais detalhes e flexibilidade melhora:
- A comparação internacional de dados de saúde;
- A formulação de políticas públicas e estratégias globais de prevenção;
- A gestão de estatísticas mais realistas e precisas.
Redução de estigmas
Algumas mudanças foram feitas para promover mais respeito e menos preconceito:
- A transexualidade, por exemplo, foi movida da seção de transtornos mentais para a de “condições relacionadas à saúde sexual”.
- Isso ajuda na luta contra estigmas e favorece uma abordagem mais humana.
Mais precisão nos diagnósticos
A CID-11 permite codificação mais detalhada:
- Inclui subtipos, comorbidades, fatores sociais, ambientais e genéticos;
- Isso melhora os diagnósticos, os tratamentos e a vigilância epidemiológica.
A importância da CID para um atendimento humanizado
Embora a CID seja um sistema técnico e padronizado, ela também pode ser uma aliada fundamental para promover um cuidado mais humano e centrado no paciente.
Individualização do cuidado
Com os códigos mais específicos da CID-11, os profissionais conseguem registrar diagnósticos com maior precisão, considerando nuances clínicas e contextos individuais. Isso contribui para um plano de cuidado mais personalizado, respeitando a singularidade de cada paciente.
Redução de estigmas e preconceitos
A nova versão da CID atualizou termos e categorias, adotando linguagens mais inclusivas e respeitosas. Por exemplo, algumas nomenclaturas que antes carregavam estigmas foram substituídas, o que reflete um avanço na forma como a saúde mental, as deficiências e outras condições são tratadas.
Fortalecimento da relação médico-paciente
Ao garantir registros claros e confiáveis, a CID ajuda a construir um histórico de saúde coerente, facilitando o acompanhamento contínuo e a tomada de decisões compartilhadas entre médico e paciente. Isso reforça a confiança e empatia no atendimento.
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