A CID é uma classificação de doenças que substitui o nome delas por códigos, permitindo um controle epidemiológico eficiente. Na versão 11, surgiram algumas mudanças, como a classificação do Burnout como doença de trabalho e a inclusão da Resistência Antimicrobiana na lista.
Como essa classificação passa por alterações, é fundamental ter atenção ao lançamento das novas versões. Dessa forma, é possível acompanhar as mudanças para se adequar aos novos padrões e se informar sobre as alterações nos códigos e nas categorias.
Neste artigo você vai entender melhor o conceito de CID e os seus objetivos. Continue lendo e veja, também, como ela é utilizada, o impacto na saúde coletiva e no atendimento humanizado, além das mudanças entre a CID-10 e a CID-11.
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O que é CID?
CID é a sigla para Classificação Internacional de Doenças. Trata-se de uma lista de códigos alfanuméricos publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela permite manter uma codificação padrão para doenças e outros problemas relacionados à saúde.
Periodicamente, a OMS faz revisões dessa lista lançando versões atualizadas. Algumas mudanças podem acontecer de uma versão para a outra, como a inclusão de novas patologias, a divisão em subcategorias e até mesmo alterações na definição de determinados problemas.
Na CID estão categorizados problemas de saúde física e mental. Os médicos utilizam a lista na hora de preencherem documentos. Isso permite reunir dados que ajudam a conhecer a realidade da saúde das pessoas.
Os objetivos da CID
Como dito, a CID tem por objetivo estabelecer um padrão para nomear doenças e problemas de saúde. Dessa forma, é possível promover uma comunicação clara e eficiente entre profissionais de saúde e com os órgãos governamentais. Com isso, são evitadas possíveis ambiguidades ou mal entendidos, que poderiam atrapalhar o tratamento e a concessão de benefícios.
Os médicos podem utilizar os códigos com o intuito de não provocar ansiedade ou estresse em seus pacientes, devido a um quadro clínico ainda suspeito. Também para evitar discriminação e situações desconfortáveis.
A padronização também contribui para não haver confusão na hora de traduzir o nome de uma patologia. Assim, mais uma vez, garante a comunicação eficiente, mesmo de um país para o outro. A seguir você confere algumas regras para uso dessa classificação.
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Atestados médicos
O atestado médico não precisa trazer o código que indica a classificação da doença apresentada pelo profissional atendido. Essa não é uma obrigatoriedade, inclusive, em função do sigilo da relação médico-paciente.
Guias médicas
Documentos como guias médicas e outros utilizados para reembolso do convênio de saúde não devem trazer a CID. Isso porque não é permitido identificar o diagnóstico devido ao direito de sigilo da relação entre médico e paciente. O convênio não pode fazer essa exigência.
Pesquisas
A CID é muito útil no levantamento de estatísticas. Ela facilita as pesquisas de controle epidemiológico em uma região ou em uma parcela específica da população. É possível calcular, por exemplo, a taxa de morbidade e de mortalidade, para um direcionamento adequado de políticas educativas e preventivas.
Como a CID é utilizada?
A CID é utilizada, principalmente, por médicos, hospitais e outros estabelecimentos de saúde. O código é inserido em receitas médicas, encaminhamentos, solicitações de exame e outros procedimentos.
Para saber qual código usar é preciso consultar o documento da OMS. As classificações estão disponíveis no site da Organização, trazendo a versão mais atualizada. Basta usar o navegador para selecionar a categoria e conferir o código referente à doença.
É importante que as empresas se mantenham atualizadas em relação às mudanças que acontecem na CID. O mesmo para as alterações em outras normas regulamentadoras, como a NR-1 e a NR 12. Assim podem alinhar seus processos e estabelecer políticas para o melhor cuidado com a saúde e a segurança dos colaboradores.
É preciso colocar a CID em um atestado médico?
Como você viu, não são todos os documentos médicos que devem trazer a CID. Há um impedimento para a divulgação dos diagnósticos, a fim de manter o sigilo do paciente. O atestado médico de saúde, como dito, é um desses documentos.
Isso acontece em função da proibição feita pelo Conselho Federal de Medicina por meio da resolução CFM nº 1.819/2007. Como o sigilo é um direito inalienável do paciente, o profissional da saúde precisa garantir a sua guarda e proteção.
Porém, há exceções conforme casos previstos em lei. Além disso, o médico só pode estabelecer o diagnóstico se houver uma autorização expressa do paciente, conforme determina a Resolução CFM nº 1.851/2008.
A importância da CID para um atendimento humanizado
A CID permite oferecer um atendimento mais humanizado por velar, de forma discreta, o nome das doenças. Assim, é possível poupar o paciente quando existem apenas suspeitas e o quadro não foi totalmente determinado. Como dito, minimiza a ansiedade e o estresse em função de um diagnóstico não confirmado.
O código ainda evita que essa informação seja disseminada sem a sua devida confirmação. Logo, o paciente pode realizar seus exames e outros procedimentos sem se sentir constrangido pelas anotações médicas em suas guias e documentos.
Por que criar uma nova versão?
Criar novas versões da CID é importante para refletir de forma precisa a realidade da saúde das pessoas. A 10ª versão foi lançada ainda na década de 90, por isso, já estava desatualizada em relação às doenças mais comuns, seus sintomas e especificações.
Assim, a OMS lançou a CID-11 com o intuito de adequar o documento à atualidade. A nova classificação simplificou a estrutura da codificação. Também facilitou com as ferramentas eletrônicas utilizadas para consulta, aumentando a praticidade e a eficiência na rotina dos profissionais.
Quais são as mudanças na CID-11?
A CID-11 está em vigor desde janeiro de 2022. Ela trouxe algumas mudanças significativas em relação à versão anterior. Confira a seguir algumas alterações significativas.
Lipedema
É uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo de gordura nos braços, no quadril e, principalmente, nas pernas. Na nova CID o problema foi de fato reconhecido como doença, o que contribui para a oferta do tratamento adequado.
Transtorno do Espectro Autista
Nas CID-11, as categorias referentes ao Transtorno do Espectro Autista foram unificadas e organizadas, reunindo todos os transtornos que recebem essa classificação. Também foram lançadas subcategorias de acordo com os impactos resultantes da condição.
Distúrbio de jogos
Na nova versão da CID também consta este problema de saúde mental da era moderna. Ele se caracteriza pela dependência de jogos eletrônicos ou comportamento obsessivo em relação a eles. Segundo a OMS, essa desordem pode comprometer aspectos funcionais de âmbito pessoal e social.
Transexualidade
O Transtorno de Identidade de Gênero não é mais considerado uma doença mental. Na CID-11, está classificado como Incongruência de Gênero, a fim de evitar a estigmatização, a discriminação e aumentar o acesso às terapias e cirurgias para pessoas transexuais.
Estresse pós-traumático
Embora ele já estivesse presente na CID 10, as informações estavam segmentadas, o que atrapalhava na hora de emitir um diagnóstico. Na nova versão, a classificação foi simplificada e as subcategorias reduzidas.
Resistência antimicrobiana
A CID-11 passou a apresentar códigos específicos para identificar a resistência microbiana. O objetivo é monitorar e mapear o problema que, segundo a OMS, está entre as 10 maiores ameaças à saúde pública mundial.
TDAH
Assim como acontecia com o Transtorno do Espectro Autista, esse problema aparecia de uma forma fragmentada na CID-10. Agora, o diagnóstico foi facilitado, incluindo o TDAH como um dos principais transtornos em uma categoria específica com subdivisões.
A mudança mais discutida na CID-11: Síndrome de Burnout
Dentre as mudanças na 11ª versão da CID, uma que merece destaque é a nova categorização da síndrome de Burnout. Uma pesquisa recente indicou que de cada 10 brasileiros, mais de 8 estão com Burnout – o esgotamento do trabalho.
Antes, ele era identificado como problema de saúde mental. Agora, é definido como doença de trabalho, um estresse crônico que não foi administrado com sucesso. Na prática essa mudança faz uma grande diferença.
A síndrome de Burnout deixa de ser um problema ligado ao trabalhador e passa a ser uma condição relacionada com o trabalho. A culpa é direcionada para a empresa que não administra a situação corretamente. Se o laudo médico comprovar o diagnóstico, a empresa pode ser responsabilizada pelo fator que desencadeou a condição.
As atualizações da CID fizeram com que o documento se alinhasse às realidades da sociedade atual. Grandes avanços foram alcançados, favorecendo o diagnóstico e o tratamento de diferentes condições clínicas. Há um respeito maior pelas pessoas que sofrem de Burnout, recebendo o devido reconhecimento dos prejuízos causados pelos excessos e as negligências de algumas empresas.
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