Crescente em nossa sociedade, a síndrome do impostor é um fenômeno psicológico caracterizado pelo sentimento de inadequação e de que todas as conquistas do indivíduo foram resultados do acaso ou de fatores externos.
Quando nos deparamos com uma pessoa inteligente, bem-sucedida e competente, logo consideramos que ela é também uma pessoa autoconfiante. No entanto, a síndrome pode fazer parte da sua vida, afetando sua autoestima.
Você já se deparou com esse sentimento ou observou em alguém próximo? Pois saiba que ele é bem comum, mas que pode precisar de tratamento se estiver tornando grandes proporções.
Essa síndrome pode causar, por exemplo, exaustão física e mental. Veja nosso guia completo de como garantir o bem-estar no dia a dia:
O que é a síndrome do impostor?
A síndrome foi nomeada por duas psicólogas da Universidade de Geórgia, em 1978, Pauline Rose Clance e Suzanne Ament Imes. As pesquisadoras são responsáveis pelo estudo “O Fenômeno do Impostor em Mulheres de Alto Desempenho: Dinâmicas e Intervenção Terapêutica”. A partir desse trabalho, foi nomeada e descrita a síndrome do impostor.
Ela é uma síndrome mais comum no campo profissional, mas pode atingir diversas áreas da vida. O problema costuma estar presente em indivíduos que vivem sob constante pressão. Esses indivíduos podem ser profissionais com grandes responsabilidades, como executivos, atletas, acadêmicos.
A síndrome baseia-se no fato de que a pessoa não acredita na sua competência pessoal ou nas próprias habilidades. Por isso, acredita que suas conquistas são fruto do acaso ou sorte. Ela se vê como uma impostora, que engana a todos.
Diversos profissionais de sucesso já admitiram ter essa síndrome. Personalidades como Michelle Obama e Tom Hanks são alguns dos exemplos.
Segundo estudo da KPMG, 75% das mulheres executivas já experimentaram a síndrome do impostor em todos os setores. No entanto, já se sabe que ela afeta igualmente ambos os sexos.
Quais os sintomas da síndrome do impostor?
Existem alguns sintomas que podem ser observados em que tem a síndrome, tais como:
Autoexigência
O indivíduo que sofre da síndrome costuma estabelecer metas inalcançáveis. Assim, quando não consegue atingi-las ou ter dificuldades para isso, acaba se autocriticando excessivamente. Ele também acredita que precisa se esforçar muito mais que os outros para atingir estas metas.
Essa exigência também gera uma autodepreciação. Dessa forma, a pessoa não aceita receber elogios e, principalmente, não acredita neles. Além de gerar ansiedade e esgotamento físico e mental.
Autossabotagem
Muitos indivíduos podem até sabotar o próprio trabalho para conseguirem passar despercebidos. Inclusive, se sentem melhores quando recebem uma crítica negativa sobre o que fizeram, já que isso confirma sua falta de competência.
Uma atitude clássica de uma pessoa que possui a síndrome do impostor.
Esse estresse e pressão no trabalho pode trazer diversas outras consequências como a síndrome de burnout, por exemplo.
Comparação
Como a pessoa não acredita no próprio trabalho, ela está sempre comparando suas habilidades com as dos outros. Essa é uma tentativa de encontrar algo ruim em si mesma. Ou ainda, de achar que aquela pessoa merece mais por ter mais qualidades que ela.
Além disso, ela só reconhece boas características nas outras pessoas e nunca em si mesma. Isso acaba gerando uma busca constante por um ideal de perfeição inatingível.
Dúvidas constantes
Por conta dessa dúvida sobre suas habilidades e conquistas, a pessoa acaba acreditando que não merece estar naquele lugar. Ela está sempre se criticando, exaltando seus defeitos e mostrando a todos que erra e toma decisões erradas.
Pode haver também uma sensação de não pertencimento ao grupo. Isso pode causar problemas de saúde física, mental e social, além de um afastamento dos demais.
Medo da exposição
Por se achar uma fraude, a pessoa fica constantemente com medo de ser pega. Essa sensação é de que todos vão descobrir que ela é uma impostora. Afinal, ela acredita que isso fará com que a rejeitem e a recriminem.
Esse medo gera tensão e nervosismo, podendo ser até paralisante. Além de fazer com que a pessoa realmente fuja de situações que envolvem avaliações e críticas.
Procrastinação
O indivíduo que sofre da síndrome pode deixar de enfrentar os desafios por medo de fracassar. Também é uma maneira de fugir do desconforto de se sentir incompetente.
Muitas vezes, ele abandona as tarefas antes de começá-las. Isso aumenta o sentimento de insatisfação e, muitas vezes, de arrependimento.
Todos esses problemas podem afetar diretamente o desempenho no trabalho, assim como outras doenças ocupacionais:
Como tratar a síndrome do impostor?
O tratamento da síndrome precisa de orientação profissional. O psicólogo consegue dar dicas de saúde mental que impactam em diversos âmbitos da vida, inclusive como uma forma de lidar melhor com a síndrome.
No entanto, existem algumas estratégias para ajudar a pessoa a ter uma percepção real das suas habilidades. E, dessa forma, aprender a lidar com os sentimentos relacionados à síndrome. Confira algumas:
- Compartilhar suas angústias: a pessoa deve compartilhar suas inquietações e dúvidas. Se não for possível conversar com um profissional, a pessoa pode conversar com colegas ou amigos;
- Entender que todos têm limites: muitos utilizam suas limitações para acreditarem que não conseguem atingir metas. No entanto, é importante deixar claro que ninguém é bom em tudo que faz;
- Pedir feedbacks: entender se as pessoas que fazem parte do seu círculo estão satisfeitas com o seu trabalho. Para isso, o indivíduo pode perguntar aos clientes e gestores;
- Valorizar as conquistas: é importante que a pessoa celebre todas as conquistas, independentemente do tamanho;
- Viver na realidade: um exercício interessante é fazer uma análise das próprias habilidades. Assim, é possível entender se o que acredita que está fazendo de errado pode ser comprovado ou se é apenas uma autopercepção. O ideal é que seja feita uma análise técnica do trabalho, sempre dentro da realidade.
Síndrome do impostor no trabalho: como os gestores podem ajudar
Conforme mencionamos, esta síndrome não é algo de fácil diagnóstico e precisa do auxílio de profissionais. É importante, inclusive, para não ser um fator que impossibilita o bem-estar no trabalho.
Os gestores também devem agir! Precisam ajudar seus colaboradores que apresentam os sintomas, principalmente para que reconheçam suas qualidades.
Algumas atitudes podem colaborar, tais como:
- Diálogo: estar em constante diálogo com os colaboradores facilita a percepção de como eles se sentem. Assim, será possível entender seus sentimentos;
- Terapia: recomendar auxílio profissional é sempre uma boa saída para o autoconhecimento. Essa é uma forma de a empresa promover a saúde ocupacional;
- Valorização: demonstre que você percebe e reconhece as habilidades do seu colaborador.
Uma forma de controlar a síndrome do impostor é por meio do mindfulness, que trabalha a atenção plena. Que tal realizar uma prática agora? Acesse a aula que a BeeCorp preparou para você.