Se você procurar no diário de Oxford, sonho é conceituado como conjunto de imagens, de pensamentos ou de fantasias que se apresentam à mente durante o sono.
A qualidade do sono é uma questão cada vez mais relevante para a sociedade. Algumas horas mal dormidas por dia podem ter um impacto considerável em sua saúde mental. E um aspecto intrinsecamente ligado ao sono são os sonhos.
Para muitos, eles são apenas imagens sem sentido ou coesão que ocorrem durante o sono. Porém, dentro da neurociência e da psicanálise, eles são um instrumento importante na saúde da mente.
Acompanhe e entenda melhor qual é a importância dos sonhos para seu bem-estar psicológico e como você pode usá-los a seu favor.
E caso você queira ajuda para garantir seu bem-estar no dia a dia, confira também nosso material exclusivo:
Qual a definição de sonho?
A definição pode mudar bastante de acordo com sua perspectiva teórica.
Há dois vieses que vamos abordar aqui: o da neurociência e o da psicanálise freudiana.
O que é o sonho para a neurociência?
Na neurociência, é uma função do cérebro que envolve o processamento de informações durante o sono. Ou seja, é uma maneira de regular suas atividades.
Os sonhos normalmente ocorrem durante o sono REM (Rapid Eye Movement), que é o estágio do sono profundo. Esse é também um período de alta atividade cerebral.
Apesar dos avanços da ciência, o entendimento sobre os sonhos e seus mecanismos é limitado. Não sabemos ainda qual é o gatilho neurológico para que ele inicie, mas há várias teorias sobre sua função.
O que é o sonho para Freud?
Para a psicanálise freudiana, é uma manifestação do inconsciente, a qual é possível quando o indivíduo não está em vigília. Mas, para entender essa definição, é necessário compreender outros pontos.
Para Freud, a mente humana se dividia em três partes:
- Id (Isto): a combinação de impulsos animais, necessidades fisiológicas e desejos inconscientes, sem qualquer restrição;
- Superego (Acima do Eu): a civilização e pressões sociais que buscam reprimir os impulsos do Id;
- Ego (Eu): a mente individual, a qual tente mediar os impulsos do Id e as demandas do Superego;
Além disso, Freud estabelece a divisão entre a mente consciente e inconsciente. A maior parte dela é inconsciente, ou seja, não se manifesta de forma visível.
Porém, durante o sono, as restrições do Ego e do Superego ficam mais frouxas, o que permite os pensamentos inconscientes se manifestarem na forma de sonhos. É por isso que a interpretação deles é usada como uma forma de autoconhecimento.
Essa é apenas uma explicação superficial do tema, mas nos ajuda a entendê-lo melhor.
Qual o motivo dos sonhos?
Como mencionamos, não há uma resposta definitiva sobre o que causa os sonhos. Porém, há teorias exploradas tanto na psicanálise quanto na neurociência. Veja algumas delas:
- consolidação da memória: durante o sono REM, o cérebro está em atividade intensa, processando as memórias do dia, decidindo quais serão consolidadas e quais serão descartadas;
- interpretação de situações estressantes: outra teoria ligada à psicanálise é que os sonhos são o inconsciente se manifestando para compreender situações de estresse, como traumas;
- manutenção dos neurotransmissores: também é possível que os sonhos sejam uma forma de manter o cérebro ativo durante o sono, que é um período de baixa estimulação, o que evita que eles se atrofiem.
Lembrando que essas são apenas algumas das teorias atuais. A ciência ainda pode encontrar novas informações a qualquer momento.
Dessa forma é importante considerar a atividade profissional quando falamos desse assunto. Já que ocupa grande parte do nosso dia, pode ser determinante para a qualidade do nosso sono.
Leia nosso material sobre esse assunto:
Qual a importância?
Mesmo sem entender seus mecanismos, vários estudos já sugerem uma relação forte entre sonhos e qualidade do sono.
Segundo um estudo da Fiocruz, 72% dos brasileiros sofrem com, ao menos, um distúrbio do sono. Algo que se manifesta na forma de insônia, acordar muito antes do desejado, entre outros problemas similares.
Nessas condições, é difícil para a mente entrar em sono profundo, quando os sonhos são mais comuns. E, considerando as teorias que mencionamos, isso também impacta parte das suas funções cerebrais. Principalmente a memória.
Em essência, não é que os sonhos sejam fundamentais à saúde mental, mas as condições que promovem o sonho são as mesmas que contribuem para a qualidade do seu descanso.
Como se lembrar dos seus sonhos?
Algumas pessoas dizem que não sonham. Porém, o mais provável é que apenas não lembrem do que sonham. Algo que pode ser parcialmente controlado.
Aprenda algumas dicas para lembrar deles mais facilmente.
Crie um diário
A melhor forma de lembrar, com mais clareza, é registrá-los. Algo que também pode ser visto como uma forma de autocuidado.
Para isso, você deve ter um método de registro fácil e rápido sempre à disposição. Um caderno embaixo do travesseiro, bloco de notas ou um gravador.
Assim que você despertar, anote tudo que se lembra do que sonhou, com o máximo de detalhe possível. Com o tempo, isso vai ajudar a recordar os eventos com mais clareza.
Tenha uma boa noite de sono
O cansaço mental é outro fator que dificulta a recordação dos sonhos após acordar. Lembre-se, eles são mais comuns durante o sono profundo. Portanto, você deve criar as condições adequadas para que ele ocorra.
Luzes apagadas, evitar atividades intensas logo antes de dormir, alimentar-se bem, ficar hidratado, sem muito ruído, etc.
Durma com a intenção de sonhar e lembrar
A sua mente responde melhor à autossugestão do que você imagina. Antes de dormir, diga em voz alta “eu vou sonhar e vou lembrar do que aconteceu”. Ter essa ideia fixa em sua mente aumenta as chances de recordar o ocorrido com clareza.
Como interpretar os sonhos?
A prática de interpretá-los vem desde a antiguidade. Muitos eram considerados mensagens divinas ou premonições. Mesmo dentro da psicanálise moderna, eles ainda são um forte objeto de estudo.
Inúmeros sonhos são uma forma de lidar com ansiedade e processar traumas. Portanto, interpretar é uma forma de entender como esses eventos se manifestam em sua mente.
O resultado dessa premissa é que cada sonho é fundamentalmente único. Seus símbolos e significados dependem do indivíduo que sonha mais do que tudo. Além de tudo isso, a linguagem usada pode ser de difícil compreensão.
Por esses motivos, muitas pessoas precisam da ajuda de um psicólogo ou psicanalista profissional para encontrar uma interpretação satisfatória.
Como comandar um sonho?
Mais uma curiosidade: é possível assumir o controle de um sonho, andando nele como se estivesse acordado. Esse é o chamado sonho lúcido.
Como o nome diz, você fica no controle do seu corpo mesmo dentro do sonho. Assim, pode determinar seu conteúdo e como ele se manifesta.
Atingir esse estado é uma questão de treino. As práticas que mencionamos para recordar os sonhos são o primeiro passo. Quando você já for capaz de relembrar o que sonhou com clareza, aí pode tentar manter a mente desperta nesse momento.
Um dos métodos mais comuns é ajustar o despertador para meia-hora antes do seu horário normal. A ideia é acordar durante o sono REM, mas sem despertar de verdade.
Fique na cama e se concentre no sonho que acabou de ter. Se tudo der certo, o mesmo sonho vai se manifestar de novo, mas você estará consciente dentro dele.
Pode levar algum tempo até ter um sonho lúcido. Algumas pessoas têm bastante facilidade, enquanto outras podem resistir. Em todo caso, o importante é ter persistência e paciência.
Como você pôde ver, os sonhos são bem mais importantes do que aparentam. Mais do que imagens sem sentido, são manifestações da sua mente, o cérebro organizando a memória e garantindo uma melhor saúde mental.
Se você busca mais atividades para promover seu bem-estar, não apenas no sono, confira nosso kit de práticas de qualidade de vida. O autocuidado é sempre prioridade!