É muito comum dizermos que estamos com uma crise de enxaqueca quando sentimos dor de cabeça. Porém, é importante entender que existe diferença entre esses dois problemas, uma vez que, as dores de cabeça podem ser provocadas pelos mais diferentes motivos, pois são um sintoma, mas a enxaqueca é uma doença e requer tratamento específico.
Para que não haja mais confusão, preparamos este artigo para que você se informe melhor sobre o assunto. Continue lendo para entender ao certo o que é a enxaqueca, quais são as causas desse problema, os principais sintomas que o caracterizam, as formas de tratamento e o que pode ser feito para prevenir no ambiente de trabalho.
O que é enxaqueca?
A enxaqueca é classificada como uma condição neurológica crônica e de origem genética. Ela é uma doença que provoca dor latejante na cabeça, afetando apenas um lado ou dos dois lados. As crises podem durar poucas horas ou até três dias contínuos.
Esse é um problema tão significativo que em 2018 a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a enxaqueca em seu rol de enfermidades mais incapacitantes. Segundo um estudo publicado na Global Health Metrics, essa doença é a quinta que mais incapacita pessoas no mundo.
De acordo com a OMS, o problema afeta cerca de um bilhão de pessoas no mundo, sendo a segunda doença mais comum. No Brasil, cerca de 30 milhões de pessoas são afetadas por essa condição neurológica que, até o momento, não tem cura.
O que causa esse problema?
Como explicamos na introdução, a enxaqueca não é um sintoma, mas sim um problema primário. É causada por uma alteração na função normal do cérebro. Quando o organismo da pessoa é mais sensível, as células nervosas presentes no órgão são estimuladas com muita facilidade. Assim, ocorre mais atividade elétrica.
Essa alteração de funcionamento é decorrente de desequilíbrios químicos que acontecem no cérebro. Eles prejudicam a integridade das biomoléculas cerebrais, afetam os neurotransmissores e também alteram o fluxo hormonal neurológico.
A enxaqueca se origina do nervo trigêmeo, o quinto nervo craniano. Quando ele é estimulado, ocorre a liberação de substâncias que provocam um processo inflamatório nos vasos sanguíneos do cérebro, um quadro doloroso.
Quais são os principais sintomas da enxaqueca?
O sintoma mais característico da enxaqueca é a dor de cabeça. Ela começa a se manifestar fraca e apenas de um lado. É uma dor latejante que aumenta de forma progressiva e, em seguida, surgem outros sintomas, que compõem a aura da enxaqueca.
Pessoas com esse problema sentem, além da dor de cabeça, intolerância ao barulho, à luz e a odores, podendo ocorrer também náuseas, vômitos, tontura, alterações visuais, dormência ou formigamento e rigidez na nuca.
Os sintomas que compõem a aura da enxaqueca ocorrem porque a atividade elétrica iniciada espalha pelo cérebro causando perturbações de diferentes funções, como equilíbrio, fala, visão e coordenação muscular, além de outras sensações.
Quando a dor de cabeça vira enxaqueca?
Conforme explicamos, a dor de cabeça é um sintoma que se manifesta em decorrência de diferentes fatores. Pode ser, por exemplo, em função do estresse no trabalho, por causa de uma noite mal dormida, por se expor a sons muito altos ou até mesmo problemas oculares. Sendo assim, ela não é uma doença, mas pode ser o indicativo de alguma condição clínica em curso, então, quando se torna recorrente, precisa ser investigada.
Contudo, uma dor de cabeça não se transforma em uma enxaqueca por uma evolução ou agravamento de quadro. Você viu na explicação que essa doença é um tipo de distúrbio que afeta o sistema neurológico. Assim, o indivíduo pode ou não desenvolver esse problema conforme sua suscetibilidade orgânica para isso.
De toda forma, é muito importante ter cuidado na hora de amenizar as dores de cabeça comuns. Isso porque uso abusivo de analgésicos sem acompanhamento médico pode causar a recorrência da dor, levando a alterações orgânicas que favorecem o desenvolvimento da enxaqueca.
Para não confundir os problemas, basta lembrar que na dor de cabeça ocorre apenas o desconforto doloroso, enquanto a enxaqueca desencadeia outros sintomas. As crises de dor de cabeça são longas e acontecem por 15 dias ou até mais em cada mês.
A dor de cabeça é muito incômoda e pode afetar a produtividade e a disposição, mas não a incapacita. A enxaqueca causa sérias limitações, já que a pessoa pode não conseguir se levantar da cama em função das vertigens que provocam os enjoos e afetam o equilíbrio.
As desordens visuais também impedem a realização de atividades e existe ainda a dificuldade para falar. Ou seja, sintomas muito mais intensos do que uma dor de cabeça comum.
Como a enxaqueca é tratada?
A enxaqueca é um problema que ainda não tem cura, mas que pode ser tratado para melhorar a qualidade de vida da pessoa. Vale ressaltar que o uso indiscriminado de analgésicos não é uma terapia eficaz para esse problema, uma vez que se trata de uma alteração neurológica.
Sendo assim, é fundamental contar com o suporte de um médico. Ele vai identificar o estágio da doença para recomendar o tratamento mais adequado para cada pessoa de acordo com seu perfil.
O tratamento do problema é feito também com o uso de analgésicos para aliviar a dor, mas é preciso controlar o processo inflamatório. Por isso, podem ser utilizados anti-inflamatórios e os vasoconstritores. Essas medicações podem ser administradas de forma isolada ou associada.
Existem ainda outras terapias no Brasil, como a neuromodulação e o uso de toxina botulínica. Essas técnicas podem reduzir a quantidade de medicamentos e trazer mais qualidade de vida para a pessoa.
Convém ressaltar que as crises de enxaqueca não começam de uma hora para outra. Na verdade, cada pessoa tem um gatilho que provoca os estímulos em seu sistema nervoso e desencadeiam o processo inflamatório. Portanto, uma das formas de tratar enxaqueca é identificar em cada um quais são esses gatilhos para que eles possam ser evitados.
Geralmente, as crises são favorecidas por:
- alterações no padrão de sono, como a insônia;
- quadros de estresse ou ansiedade;
- exposição a odores fortes, som alto e agudo ou luzes intensas;
- alterações hormonais;
- mudanças repentinas no clima;
- uso de medicamentos vasodilatadores;
- uso de anticoncepcional oral.
Como a empresa pode atuar na prevenção desse problema?
Como a enxaqueca é um problema muito incapacitante, as empresas podem contribuir para que essa doença não prejudique a pessoa em âmbito pessoal e profissional. Uma das principais formas de fazer isso é por meio da conscientização.
É fundamental que seja trabalhado junto aos colaboradores a importância de evitar a automedicação. Isso para que o uso excessivo de analgésicos não favoreça a enxaqueca e ainda outros problemas, como no coração, no estômago ou no fígado. Além disso, é essencial que as pessoas saibam como diferenciar uma dor de cabeça comum de uma crise de enxaqueca.
O Atendimento Primário à Saúde pode contribuir de forma significativa para isso. Ter um profissional à disposição faz toda a diferença para que o colaborador possa entender aquilo que está acontecendo com a sua saúde e saiba como cuidar melhor de si mesmo.
Também podem ser trabalhados programas e ações para promover mais qualidade de vida na organização. É importante que o ambiente de trabalho seja amigável para que não desencadeie o estresse e a ansiedade.
O incentivo à prática de exercícios físicos e atividades relaxantes também contribui para manter o organismo equilibrado. Além disso, vale investir em uma alimentação mais saudável para os colaboradores, já que alguns alimentos acionam o gatilho, como:
- aqueles ricos em cafeína;
- chocolate;
- frutas ácidas;
- tomate;
- trigo;
- cebola;
- amendoim;
- ovos;
- refrigerantes;
- leite e seus derivados;
- carnes embutidas.
Convém lembrar que isso varia de pessoa para pessoa conforme a sensibilidade do seu organismo. Por isso é tão importante que a enxaqueca seja acompanhada por um especialista, a fim de personalizar o tratamento para cada pessoa. Recebendo esse suporte na empresa, o colaborador poderá manter esse cuidado no ambiente de trabalho e em âmbito pessoal para evitar as crises e ter mais qualidade de vida.
Você também sofre com crises de enxaqueca ou conhece alguém que tem esse problema? Deixe seu comentário e divida conosco sua experiência!